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SOBRE O POST

Fridolin era uma criança maravilhosa. Nascido e criado em condições precárias, sua mãe amorosa e seu pai gentil deram o melhor de si para lhe proporcionar uma infância feliz. Isolado das lutas diárias de seus pais, ele cresceu sem muitas preocupações, em um ambiente repleto de carinho na fazenda de seus pais.

Ele ainda era um pequeno moleque, pouco mais alto que um goblin, quando aconteceu. Seu pai tinha acabado de voltar dos campos e estava prestes a levar os animais para os estábulos atrás da casa, sob a luz dos sóis poentes.

Fridolin estava na varanda da modesta cabana que seu avô paterno havia construído nos arredores de Thais, brincando com as pequenas figuras que seu pai esculpira recentemente em madeira. Com água na boca e o estômago roncando, ele estava sentado embaixo da janela, tentando sentir o aroma apetitoso do bolo fresquinho de sua mãe, que se espalhava pela janela aberta da cozinha para o mundo.

Apenas as densas nuvens negras que se aproximavam continuamente de Thais, anunciando a chuva e o vento, perturbavam o pequeno paraíso. Ao longe, os trovões ressoavam e a mãe de Fridolin correu para fora de casa para ajudar seu marido com os animais.

O vento começou a uivar, chicoteando a chuva em direção à fazenda e transformando as gotas espessas em agulhas afiadas. Fridolin permaneceu na varanda coberta e observou seus pais fecharem às pressas o portão do celeiro.

Enquanto isso, a chuva já estava caindo violentamente, formando poças profundas no solo irregular. Fascinado com a imensa quantidade de água que caía do céu, Fridolin demorou um pouco para perceber que o chão lamacento perto do celeiro estava começando a se mover.

Sucessivamente, as poças foram desaparecendo. Elas foram engolidas por profundas rachaduras que começaram a se espalhar por todo o quintal. Uma fina névoa branca escapou das fissuras e cobriu a superfície, girando suavemente ao redor da calha d’água e das estacas de madeira que estavam próximas ao celeiro.

Ele jamais tinha visto algo semelhante e, com olhos arregalados, seguiu o rastro das rachaduras que percorria o chão. Concentrado nas lacunas que se abriam, Fridolin quase teve um ataque do coração quando garras enormes emergiram subitamente das profundezas, cavando profundamente à beira do abismo. Lentamente, contornos embaçados e nebulosos ergueram-se para a superfície. Figuras enormes, com muito mais de dois metros de altura, elevaram-se do chão.

Seus olhos e bocas brilhavam sob a luz fraca. Fridolin gritou a plenos pulmões ao ver essas criaturas. Alarmados pelo grito de temor do filho, seus pais notaram o perigo iminente e correram o mais rápido que podiam em direção à casa. Mas era tarde demais.

Em toda parte, demônios haviam ascendido das profundezas e os movimentos bruscos dos pais de Fridolin acabaram atraindo a atenção deles.

Os demônios, agachados, reuniram forças e atacaram suas presas em fuga. Um deles atingiu a mãe de Fridolin com a pata. Ela gritou em agonia quando as garras cavaram sulcos profundos em suas costas e rasgaram o seu vestido em pedaços encharcados de sangue.

Com muita dor, ela perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos. Outro demônio aproveitou a oportunidade e cuspiu uma enorme bola de fogo em direção à mãe de Fridolin, que lutava para reerguer o seu corpo ferido. A chuva e a distância foram capazes de enfraquecer o ataque, mas os fragmentos restantes do vestido rasgado pegaram fogo e o cheiro fétido de cabelo queimado se espalhou pelo jardim.

O pai de Fridolin se deu conta do perigo, agarrou sua mulher e atirou-se ao chão junto com ela, rolando de um lado para o outro, tentando apagar o fogo.

A lama fétida penetrou as feridas abertas em suas costas e ela gritou de dor.

Os demônios, então, reuniram-se como lobos de guerra famintos, andando em volta de suas presas. Um deles agarrou o pé do pai de Fridolin, alçando-o ao ar com facilidade. Atordoado, Fridolin ficou paralisado na varanda e teve que assistir seu pai se contorcendo e sofrendo como um verme entre as garras daquela criatura aterrorizante.

Movidos por um apetite voraz pelo desespero e agonia de suas presas, os demônios começaram a perfurar os órgãos vitais com suas garras afiadas e pontiagudas. Para os demônios, parecia muito prazeroso assistir uma pobre alma agonizar até o fim.

Sangrando como um porco, o espírito do pai já havia deixado o seu corpo torturado quando os demônios perderam o interesse e o esmagaram, com muita força e velocidade, no chão rochoso e acidentado. Um estalo alto e terrível provocado impacto garantiu que o corpo devastado daquele homem se transformara em uma casca sem vida.

Depois de perceberem que haviam acabado com a vida de seu pequeno brinquedo, a horda voltou sua atenção para a mulher, que ainda estava deitada agonizando na lama. Como animais selvagens, eles começaram a ferir o corpo já maltratado da pobre mãe.

Eles tinham aprendido com o erro anterior, e, apesar dos gritos de desespero e dor terem deixado todos eles em êxtase, estimulado sua sede de sangue, evitaram a todo custo matar a jovem rápido demais. Seu martírio duraria várias horas e, ao final, os guardas reais, enviados no dia seguinte pelo King Tibianus para documentar a extensão da catástrofe nas áreas vizinhas, encontraram apenas restos roídos.

Fridolin, todavia, não estava ciente da provação prolongada de sua mãe. Ele tinha ido embora. Sem ser notado, ele havia conseguido escapar, aproveitando-se da escuridão da noite, enquanto os intrusos estavam ocupados torturando seus amados pais. Ele havia perdido tudo, nada o prendia àquele lugar abandonado.

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